O luto, o choque, a reação suspensa são elementos esperados frente ao incêndio de domingo, 2 de setembro, no Museu Nacional. Meus olhos estão agora voltados para outro lugar, outras pessoas, ainda silenciosas, mas que já começaram a seu modo a trabalhar. Não para os que discutem novos projetos executivos, novos espetáculos, mas a aqueles que estão silenciosamente tentando recompor mentalmente o que queimou. Salvo o Bendegó, para o qual calor extremo e fria indiferença são elementos familiares, essas pessoas tentam, como no filme 451 de Truffaut, pensar cada sala do museu. Recompor catálogos ultrapassados, reunir imagens precárias e pensar interfaces digitais para garantir uma permanência através da cultura. Meu apoio imediato está com estes que podem pensar e gerar algo novo, novas relações com as pessoas no tempo.
Sexta, dia 7, é uma oportunidade para o encontro, o protesto e o debate público. Em São Paulo, o Museu Paulista realiza seu evento no Parque da Independência; do outro lado da cidade a Bienal de São Paulo abre ao público. Essa diversidade de pessoas, reunidas nos dois locais, expressa parte da complexa condição da cultura hoje – e seus laços com as tradições. Vá para comemorar esses eventos e pensar junto como mudar o quadro institucional da memória no Brasil.
Dia 2 de setembro pode ser a seu modo, com o tempo, uma data melhor para comemorar o dia do museu, das culturas de um país.