o arquivo
um armário de madeira
Conhecer o conjunto de imagens guardadas num velho armário de madeira e a descoberta ali de grande conjunto documental produzido ao longo de 40 anos foi
uma decisão estratégica adotada em meados da década de 1990. Velhas caixas de papel fotográfico (20 x 25 cm) reuniam negativos em médio e grande formato, que representam parte expressiva
da produção como fotógrafo industrial e comercial de Hans Günter Flieg em São Paulo em sua fase de industrialização mais intensa durante o pós-guerra, que daria
forma à cidade e seu cotidiano na segunda metade do século XX.
O projeto Flieg de Bolso parte desses levantamentos e constitui-se como instrumento agregador sobre a produção de Hans Günter Flieg (Alemanha, 1923). A iniciativa está associada ao site
FotoPlus, projeto documental de referência sobre fotografia no Brasil. A intenção é dar apoio ao pesquisador
em diferentes áreas e estimular o debate sobre imaginário visual e seus produtores e agentes. Conheça a primeira versão do projeto, disponibilizada entre 2002 e 2012, no hotsite:
Hans Günter Flieg: um fotógrafo industrial brasileiro (1940-1970).
A partir de 2003, o acervo fotográfico integra o fundo documental do Instituto Moreira Salles
(veja hotsite dedicado ao fotógrafo).
Entre os anos 1940 e 1970, como um dos principais fotógrafos nos segmentos comercial e industrial, Hans Günter Flieg deu forma
visual a um amplo espectro da cultura material associada à produção na cidade de São Paulo para os mais diversos setores: de eletrodomésticos a móveis, bem como de setores da indústria
pesada e de geração de energia.
Num segmento de competição crescente, em paralelo ao desenvolvimento econômico da capital e de municípios vizinhos que passam a abrigar indústrias em geral
como Osasco e o ABC, outros fotógrafos profissionais especializados surgem. Quase sempre suas imagens são conhecidas através de acervos documentais desses clientes,
que em raros casos sobreviveram ou estão abertos ao público. Dos profissionais
atuantes no mesmo período, entre os conjuntos iconográficos que chegaram ao século XXI, destacam-se, além de Flieg, Peter Scheier (1908-1979) e Francisco Albuquerque (1917-2000),
conjuntos que integram hoje o acervo
IMS. Ainda em coleções privadas, destacam-se Klaus Werner (hotpage)
(1921-2018) e German Lorca (1922).
O site Flieg de Bolso busca apresentar um retrospecto sob diversos aspectos da produção e da presença de Hans Günter Flieg nesse contexto. Para saber mais sobre o panorama fotográfico nesse
período consulte as bases de dados FotoPlus.
Ao alto, retrato de Hans Günter Flieg, durante a gravação do vídeo Hans Günter Flieg: um fotógrafo imigrante no Brasil (2011), de Anat Falbel.
foto: Ricardo Mendes.
Além da intensa produção para os segmentos de imagens industrial e comercial, Hans Günter Flieg produziu ensaios diversos para edições impressas em perfil variado de publicações com destaque
para temas relativos ao patrimônio arquitetônico e histórico brasileiro.
Indo além do formato livro, realizou importantes contribuições para impressos em forma não-livro em que se destacam calendários empresariais. Esse gênero tornou-se
na década de 1960, em especial no sudeste brasileiro, objeto de edições de grande investimento envolvendo equipes de designers e impressores, acompanhado de investimento de serviços e insumos gráficos de maior qualidade.
Da mesma maneira, que para a Fortuna Crítica são apresentadas referências em listagens, acesso à
base de dados bibliográficos no projeto FotoPlus e links para leituras online.
Flieg de Bolso oferece uma base de dados em recorte peculiar. A partir do velho armário de madeira que por anos reuniu grande parte dos negativos da produção para
um clientela diversa, o processamento de dados permite recuperar uma notação breve sobre cada cliente, com referências temporais e alguns dados sobre os serviços, e, pouco usual nesse gênero de
base documental, uma listagem de imagens disponiveis (em 1994).
Foram processados as principais anotações em etiquetas externas em cada caixa e etiquetas em envelopes internos. Embora de forma irregular durante esse trabalho realizado ao longo de conversas semanais
com o fotógrafo foram incluídas nos registros dados suplementares. Dados adicionais foram coletados a partir das cadernetas de clientes, mas apenas sobre uma parcela muito reduzida,
complementado as fichas por caixa. Não foram processados
na base de dados os negativos em formato 35 mm que complementam muitas vezes os serviços registrados.
Além da busca livre possível na base de dados, estão disponíveis índices complementares em formato de listagems:
Os resultados são exibidos apresentando o conteúdo de cada caixa utlizada então no arquivo de madeira, em ordem cronológica. Correspondem assim à forma de organização original.
A intenção do projeto Flieg de Bolso é oferecer assim um instrumento auxiliar aos pesquisadores sobre a obra do fotógrafo ou temas relacionados
à sua produção como fotografia industrial, publicitária e conexas.
Acreditamos que os dados permitirão ter um recorte amplo sobre clientes e serviços, o que poderá ser um meio de apoio aos pesquisadores.
O acervo fotográfico encontra-se hoje em posse do Instituto Moreisa Salles que oferece acesso online a:
> Página temática - com dados biográficos, cronologia, exposições e publicações realizadas
> Consulta ao acervo online - com acesso parcial ao conjunto custodiado.
O acesso presencial ao acervo é realizado na sede carioca do Instituto.
FotoPlus, projeto estruturado ao final dos anos 1990 a partir de um conjunto de bases de dados sobre a produção, circulação e reflexão sobre fotografia e cultura visual no Brasil, ganhou acesso
digital em 2003. Como site de refefência agregou a longo desse período uma série de ações
adicionais como blogs dedicados a temáticas como Acesso dedicado aos acervos digitais brasileiros,
além de hotsites como Flieg de Bolso ou aquele dedicado ao filósofo Vilém Flusser (1920-1991) e
canais de difusão como o canal You Tube FotoPlusBrasil.
Conheça mais: http://www.fotoplus.com e nas redes sociais:
FB @FotoPlusBrasil
Ainda que reconhecido como profissional especializado em fotografia industrial e comercial, rótulos que mais escondem que revelam da diversidade documental do acervo,
Hans Günter Flieg responde pelo registro visual de amplo espectro de setores produtivos, da arquitetura ao design de móveis,
da documentação em arte à cobertura de eventos como as bienais de arte de São Paulo. Veja com atenção os diversos
índices disponíveis, em especial,
o temático.
Para ampliar a percepção sobre essa diversidade, em especial em campos como moda, presente tanto na produção industrial como nos registros de virtines e interiores de lojas especializadas,
ou no retrato, por exemplo, Flieg de Bolso traz postagens adicionais, com depoimentos do fotógrafo.
Flieg de Bolso procura reunir a diversidade de textos dedicados à produção imagética de Hans Günter Flieg em matérias jornalísticas, ensaios acadêmicos, texto para catálogos, livros...
Para isso são apresentadas referências em listagens, acessos à base de dados bibliográficos no projeto
FotoPlus e links para leituras online.
A linha de tempo em Flieg de Bolso é complementada por posts e registros diversos sobre o contexto de ação do fotógrafo. Da adolescência na Alemanha à diáspora judaica, da chegada
ao Brasil como adolescente e sua adaptação, essas inserções procuram informar sobre as condições de inserção e constitução como sujeito e agente coletivo nas diversas dimensões do viver.
Ao alto, animação a partir de anúncio de Bordados Flieg, empresa da família voltada ao segmento textil, no jornal O Estado de S.Paulo, de 14 de março de 1954, p.10. A empresa, ativa até 2020,
fornecia produtos para a esfera doméstica, como bordados em enxovais, e o segmento corporativo com clientes em grandes empresas industrias e comerciais como um
dos veículos para identidade empresarial , além de bordados para insígnias militares..
Assista ao vídeo Bordados Flieg: fio a fio (2019), com Stefan Flieg,
irmão caçula do fotógrafo, no canal YT FotoPlusBrasil.
Conversar é um gesto espontâneo que a seu modo define a personaldidade de Hans Günter Flieg em sua disponibiidade e na forma de dialogar, como comentarista próximo, a partir da cultura urbana
do Sudeste, em São Paulo, nas década de 1950 a 1970.
Desde dos anos 1980, ao deixar sua carreira ativa como fotógrafo industrial e comercial, num centro econômico na onda do desenvolvimento intensivo no segundo pós-guerra, Flieg conversou como testemunho
sobre a produção de imagem desses setores mencionados, mas também sobre a diáspora judaica que aqui se estabelecera, a cultura e o patrimônio artístico, que teve a possibilidade de registrar e conviver.
O projeto Flieg de Bolso reúne dados sobres depoimentos registrados em textos, áudio e vídeo, bem como promove
postagens temáticas com extratos de diferentes origens a partir dessas conversas...
FotoPlus Brasil
São Paulo / SP